A Grécia não tinha estrutura económica para ter entrado na zona euro. Entrou, e continua a não ter.
O euro foi criado à imagem e semelhança do marco alemão, um ‘perfect fit’ para a Alemanha e mais ninguém (Portugal, Espanha ou Itália também não aguentarão este euro). Assim, ou há uma profunda reforma do euro, adequando-o a países com sistemas económicos e graus de desenvolvimento diferentes, ou muitos acabarão por sair.
Porém, a Alemanha pode ser a primeira a não querer pertencer a um euro diferente deste. Então o dilema: ou rompemos, ou aprofundamos a União. A crise catalisou as diferenças económicas e culturais dos europeus mas prova que só com capacidade de conviver com regras, modos de pensar e de agir diferentes a UE será viável.
Na Europa, nunca seremos todos alemães. Mas essa diversidade tem que ser a nossa força, não a nossa fraqueza. Quanto ao resto, as derrotas alemãs do passado mostram bem que sozinha (ou rica entre pobres) a Alemanha não irá a lado nenhum.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 30 de Junho de 2015