O Partido Socialista (PS) português enfrenta muito do dilema que os partidos socialistas europeus têm enfrentado: porque se deixaram inebriar pelo canto das sereias neoliberais, e permitiram consolidar esse dogma nos tratados europeus, vêm-se enleados numa teia perversa em que alinhar com a Europa ou desalinhar conduz, sempre, ao abismo.
E isso é perigosíssimo, pois a lógica de alternância entre dois partidos (PSD e PS em Portugal, PPE e PSE na Europa) só tem sentido e eficácia se cada um deles consubstanciar reais alternativas na condução das políticas públicas.
Assim, pouco importa que PS manda no PS. Se o PS quiser ganhar eleições, terá é que nos convencer que é uma verdadeira alternativa ao Governo. E só o conseguirá com um discurso autónomo e desafiador do actual ‘dictate’ europeu. Como se está a ver na Grécia, não é fácil ser pequeno e pobre e intentar uma mudança colectiva. Mas as mudanças sempre existiram e existirão e só um PS de coragem e ambição pode arriscar-se a ficar no lado certo da história.
(Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 9 de Julho de 2015)