A principal razão da existência de democracias é o permitir às pessoas expressarem as suas preferências e vê-las representadas nas decisões políticas.
Não por acaso, as investigações sobre felicidade das nações provam que os povos são mais felizes quando há mais democracia directa, participação e representatividade. E não só os vencedores se sentem bem. Mesmo os derrotados desfrutam de terem podido expressar a sua opinião. Por isso, cada português tem que votar no partido com o qual mais se identifica (e não há falta de diversidade) para que as suas preferências possam ter peso político. A ideia de votar sempre nos mesmos partidos (do centro), por ser esse o voto útil, é perniciosa. O que tem que acontecer é os políticos passarem a ter a capacidade de se entenderem em coligações e chegarem a compromissos com estabilidade governativa. O voto útil descaracteriza a democracia porque troca a representatividade pela obsessão das maiorias absolutas, tornando-o um voto nada feliz.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 20 de Julho de 2015