A elaboração de um Orçamento do Estado é uma tarefa política.
Mesmo as metas do défice e da dívida pública a que estamos sujeitos resultam de decisões políticas europeias.
Por isso, quando são ventiladas políticas orçamentais, do putativo governo de esquerda liderado pelo PS, diferentes daquelas a que a coligação de direita nos habituou nos últimos quatro anos, estamos perante a realidade das alternativas.
A esquerda portuguesa soube munir-se de economistas de valia, o que lhes permite apresentar propostas de OE tecnicamente válidas e, ao mesmo tempo, promotoras de inflexão das políticas da direita.
A questão de fundo da política é a distribuição: quem fica com o quê.
As políticas neoliberais que têm governado o mundo ocidental promovem o desmantelamento da classe média e o engordar das classes super-ricas.
Uma política minimamente de esquerda tem que fazer o oposto: transferir riqueza dos multimilionários para as classes médias e mais desfavorecidas.
Descongelar pensões é um passo nessa senda do reencontro com o equilíbrio social.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 4 de Novembro de 2015