Só há, basicamente, três formas de uma nação se tornar rica: ter privilégios naturais; explorar os recursos de outras nações; aumentar a sua produtividade. Ao longo da história das civilizações estas três variáveis têm demonstrado importâncias relativas diferentes.
Primeiro foram os privilégios naturais que mais contribuíram para o progresso das nações (a fertilidade dos solos, a proximidade a rios e mares, uma topologia favorável, etc.). Logo a seguir, a capacidade militar demonstrou-se o instrumento fundamental para a riqueza: conquistando o que era dos outros, assim as nações foram enriquecendo (notem-se os exemplos do Império da Macedónia e de Roma ou de Portugal e Espanha quinhentistas).
Finalmente surge a possibilidade de nos tornarmos mais eficientes e produtivos: com os mesmos recursos, e graças à inovação tecnológica, sermos capazes de fazer mais. Foi sobretudo depois da revolução industrial que este factor se tornou mais decisivo (note-se o caso da Inglaterra ou dos E.U.A.) pois antes da indústria as diferenças de produtividade na agricultura, entre as nações, não eram tão acentuadas. Assim se pode explicar a dinâmica histórica das civilizações mas também compreender, hoje, a diferença na riqueza das nações.
É que os três factores mencionados não são mutuamente exclusivos, pelo contrário, exibem poder de auto-reforço: a abundância em riquezas naturais facilita a aquisição de material militar e tecnológico; um forte poder militar melhora a posição geoestratégica da nação (o que melhora os seus termos de troca); o investimento tecnológico melhora a produtividade, não só dos recursos naturais existentes como dos adquiridos, facilitando a sucessiva acumulação de riqueza. Enfim, um círculo virtuoso de riqueza que ajuda a explicar a formação das super-potências…
Tomemos como exemplo os E.U.A.: a sua situação de líder mundial deve-se precisamente à combinação dos três factores enunciados: são detentores de um grande território com vastas riquezas naturais, detêm a mais poderosa força militar do mundo (e com isso dominam a geopolítica e a geoeconomia) e são um dos mais produtivos países do mundo (e são o que mais produz), graças ao seu investimento em inovação e tecnologia (e ciência).
Olhando para Portugal, a nossa equação actual não é muito favorável: não temos poder militar, temos muito baixo investimento em inovação, tecnologia e ciência, e não temos muitas riquezas naturais (a não ser o mar e algumas energias renováveis como o vento, o sol ou a biomassa).
E é certo que os nossos recursos naturais e a nossa localização geográfica não vão mudar, e nem creio que seja concebível tornarmo-nos uma potência militar… Por isso, penso (como muita gente) que a única solução para o nosso país passa por uma aposta definitiva e vigorosa no conhecimento (não precisamos de poços de petróleo nem de milhares de km2 para seremos sábios…). Uma aposta sempre adiada (pelo menos desde o séc. XIX) mas que será a nossa única esperança. Porém, se continuarmos a permitir que as nossas mais brilhantes mentes se evadam para o estrangeiro (pois cá os desrespeitamos), seguramente acabaremos, todos, num belo país à beira-mar afundado…
Gabriel Leite Mota, Publicado no P3 a 11 de Dezembro de 2012
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