As dificuldades que a Europa está a enfrentar para lidar com o problema dos refugiados não são mais do que a consequência natural da falta de planeamento e de antecipação dos problemas inerentes à globalização selvagem que nos desgoverna.
As graves assimetrias económicas, sociais e militares do mundo actual têm como consequência inevitável a pobreza e as guerras. Se juntarmos a isso os avanços tecnológicos que tornam fácil a deslocação das pessoas e a transmissão da informação, não é difícil prever que os problemas migratórios serão a pedra de toque do início deste novo milénio.
A Europa está a usar paliativos para lidar com um problema estrutural. Mas a solução só existirá com mudanças nas regras da globalização e com a concertação das potências mundiais no combate à pobreza e às guerras oportunistas. Enquanto tal não for feito, o pânico (dos que fogem e dos que recebem) será a mais provável das respostas, e o retorno ao mais obscuro da nossa História a consequente tragédia.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 16 de Setembro de 2015