Aquilo que o programa de governo do PS (negociado à esquerda) vem trazer é uma mudança clara na linha de condução política de Portugal.
A nota dominante é a dignidade: dignidade para quem trabalha, repondo os rendimentos que antes foram cortados; dignidade para quem labuta sem direitos, encetando-se um combate à precariedade (afinal, todos temos direito a emprego, não apenas a trabalho); dignidade para quem está sem trabalho, apostando-se na criação de emprego e no reforço dos apoios sociais; dignidade para os jovens, criando estágios verdadeiramente empregadores e descongelando os processos de admissão no Estado (que está envelhecido), evitando que Portugal continue a sangria da sua vitalidade; dignidade para as pessoas doentes ou com deficiência, apostando-se na sua autonomia e realização pessoal, por oposição ao preconceito e à desconfiança.
Enfim, é um programa que tem uma vontade de cortar com a obsessão anterior de tornar Portugal num sítio muito apresentável para os mercados à custa de o tornar insuportável para os portugueses.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 4 de Dezembro de 2015
