O ‘draft’ do Orçamento do Estado, apresentado por Mário Centeno, vai na linha do que foi discutido aquando das negociações para a formação do actual Governo. Nada de muito novo nesse âmbito.
O que é incerto (e pode trazer surpresas e complicações) é a reacção da Europa a esta proposta.
Com os problemas decorrentes do Banif e do Novo Banco, e a aposta na quebra do monopólio das políticas contraccionistas, há uma ginástica orçamental que precisará da conivência europeia.
Mas é essa realidade que temos que enfrentar cabalmente: se percebermos que o isolacionismo nacional, face a uma Europa unida, pode provocar mais dores do que benefícios, saberemos que a Europa que temos - dominada pelo Partido Popular e pelos economistas monetaristas - só nos trará mais sofrimentos.
Por isso, é vital que as relações de força na Europa mudem, para que as regras que condicionam os orçamentos nacionais numa determinada linha ideológica cessem e passem a permitir alternativas.
Portugal tem a obrigação de fazer parte dessa linha de mudança.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 27 de Janeiro de 2016