Nacionalizar o Novo Banco não pode ser considerado bom ou mau em abstracto. Só com os detalhes da operação poderemos fazer um juízo.
Infelizmente, muitos eleitores e políticos estão habituados a operar em regime binário: privatizar é bom/mau, nacionalizar é bom/mau. Nenhuma é verdadeira a priori.
Na prática, o é que relevante é a qualidade do processo e da solução a que se chega. Nacionalizar pode ser um péssimo negócio para Portugal se o Estado assumir encargos elevados e fizer uma má gestão (clientelar) do banco. Privatizar pode ser um negócio criminoso se o banco for vendido ao desbarato, dando aos privados os benefícios e ficando o Estado com os custos e os riscos.
Só acredito em soluções razoáveis para o Novo Banco se houver muita transparência, debate público e honestidade. Para isso, precisamos de manter todas as opções em cima da mesa e não ceder a pressas nem pressões, algo que a actual relação de forças parlamentar (com maioria de esquerda) pode propiciar, evitando que as clientelas do costume nos lesem novamente.
Gabriel Leite Mota, Publicado no Diário Económico a 29 de Fevereiro de 2016