Friday, May 27, 2016

ESPARTILHO

Desde o início do século que Portugal vive, economicamente, estagnado.

Os principais motivos para essa estagnação são quatro: 1. A adesão de Portugal à zona euro, uma zona monetária desenhada para economias de alto valor acrescentado e competitivas internacionalmente; 2. O alargamento da UE a leste, colocando Portugal numa posição de menor vantagem comparativa ao nível da competitividade intra União; 3. A adesão da China à Organização Mundial do Comércio, que condenou as empresas portuguesas exportadoras de baixo valor acrescentado à inviabilidade; 4. A crise financeira mundial de 2007/8, que fez disparar os juros da nossa dívida, tonando-a insustentável, ao mesmo tempo que minava a possibilidade de recuperação dos défices orçamentais. 

Como as estruturas económica, institucional e culturais de uma nação não se modificam do dia para a noite, e esse trabalho não foi feito entre 1986 e 1999, todas as dificuldades que agora estamos a sentir são de muito difícil ultrapassagem. 

É à luz deste quadro temporal que têm que ser analisados os períodos micro, como um ano. Fica, então, claro que nunca será no período de um ano que se conseguirão alterar as tendências macroeconómicas de Portugal. 

Qualquer que seja o Governo, precisa de tempo. 

O anterior obedeceu a tudo o que lhe era ditado por Bruxelas e não recuperou a dívida nem o défice, conseguindo apenas aumentar o desemprego e a emigração – a baixa dos juros só aconteceu graças à política monetária de Draghi. 

Este novo Governo também não conseguirá cumprir tudo o que Bruxelas pede. Mas isso é tão evidente que só mostra que é Bruxelas quem está errada e que é Bruxelas que tem que mudar. 

A manta de retalhos que é hoje a União Europeia – com a possibilidade de saída do Reino Unido, com governos de extrema-direita na Polónia, na Hungria e quase na Áustria, mais a crise social perpétua na Grécia –, só é mais uma evidência de que uma mudança radical tem que ser operada nos tratados da União. Tudo o mais, é detalhe para o burocrata se “entreter”.
  
Gabriel Leite Mota, publicado no Diário Económico a 27 de Maio de 2016

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